Curiosidades dos Estates: Funeral

Wednesday, August 3, 2011

Em 13 anos de Estados Unidos nunca fui a um enterro até que o meu sogro faleceu há 9 meses atrás. A morte dele foi uma surpresa. Essa é a minha experiência como participante em um funeral aqui nos EUA. 

cemitery
Foto de Paulista Pivesso
O processo • pelo que reparei, a pessoa liga pra funerária, que vai pegar o corpo no hospital. A família é responsável por preparar o obituário, que vai pro jornal da cidade (eu escrevi muitos desses quando trabalhei em Buffalo).

O enterro do meu sogro foi 5 dias depois que ele morreu. Uma coisa que nunca esqueço é que a família não queria ninguém fazendo escândalo perto do morto. A cultura deles pode ser bem 'demonstrativa' em enterros. Outra coisa estranha foi que todo mundo queria saber detalhes da morte. Na minha mente, a pessoa está sofrendo tanto com o choque que reviver tudo 60 vezes deve ser muito difícil, mas ninguém se importou de contar os detalhes. 
Um dia antes do enterro é o velório. Meu marido olhou pro pai, fez carinho na mão dele, até tirou foto. Isso eu também acho estranho - um dos tios dele tem fotos de vários parentes no caixão em um album de de família. O meu negócio é que eu não quero lembrar da pessoa dentro deu um caixão sabe?
A cidade inteira apareceu pro velório, especialmente os que tem que trabalhar na hora do enterro. O pessoal vinha olhar o falecido e conversar com a família. Meus filhos mudaram um pouco a atmosfera do enterro porque apesar da dureza da morte, nova vida trouxe um sentimento singelo e meio que feliz. 
No dia seguinte foi o enterro. Vem uma limosine levar a família pra igreja. A cerimônia foi bem emocionante (mas sem muitas lágrimas). Ele era músico, e também era um senhor muito alegre. O programa foi feito de uma forma que honrou a memória dele: não demorou muito e não foi aquela coisa depressiva porque a personalidade dele não era assim.
Depois do culto fomos pro cemitério. Aquelas pedras bonitas que você vê na TV, não ficam prontas até bem depois do enterro. Pra falar a verdade, caixão ficou bem lá em cima pra ser enterrado depois. Poucas pessoas foram pro cemitério com a gente. O pastor falou umas palavras finais e eu me destraí pensando que acabou tudo mas minha sogra ainda resolveu dar o último adeus. Daí fomos pra casa da minha sogra onde umas 30 pessoas estavam esperando a comida. Acabou que as tias do meu marido estavam cozinhando mais pra dar pra todo mundo. No final das contas não parecia mais funeral. Ninguém estava chorando. O pessoal estava matando a saudade, contando piada, as crianças correndo... 
A minha primeira experiência com um funeral de família foi interessante. Tudo que observei não é regra nos EUA. Cada família muda um pouco as tradições. O importante é honrar a memória da pessoa. O custo do funeral foi de uns 5 mil dólares. Cremar é mais barato (uns 1.500 dólares), o que tem sido bem mais popular por aqui. 
• Você já teve alguma 'experiência cultural' em enterros?
Eddie said...

O que observo é que devido a sua história de independência frente aos britânicos, os Estados Unidos devenvolveram uma cultura que faz oposição aos costumes britânicos e consequentemente europeus. Isso se vê em praticamente tudo e no funeral naão podia ser diferente. Enquanto no costume britÂnico (também adotado no Brasil) ocorre o velório, sequigo do enterro e o esquife é sepultado na presença de todos, nos EUA primeiro ocorre o sepultamento e depois seguem para a casa do falecido para o que seria o velório (no britânico tbm servem comidas). Influência do costume britânico para homenagear seus entes queridos foi bastante absorvida nos estados do nordesde do Brasil. Nas cidades do interior ainda é possivel passar a noite velando o corpo, regado a cachaça, café, bolachas e outras comidinhas. Fotos da pessoa falecida tbm é um costume tipicamente europeu. A diferença é que até meados do século XX o corpo era fotografado na cama, cadeiras, poltronas. Este costume foi inserido na cultura do nordeste do Brasil a partir da presença britânica quando da implantação da rede feroviária.

Unknown said...

Moro no nordeste e aqui nós não temos essa cultura não. O corpo é só sepultado e enterrado, mas não comemos na hora do enterro não.